“No período anterior a 1911, o apoio ao parto não domiciliário em Coimbra era concedido pelos Hospitais da Universidade, na Clínica Obstétrica da Avenida do Jardim Botânico (actual Alameda Júlio Henriques) e no Hospício dos Abandonados, que se situava na Rua Olímpio Nicolau Fernandes (onde hoje está instalada a Escola Jaime Cortesão).
Daniel de Matos terá assistido o Bispo-Conde D. Manuel de Bastos Pina numa doença, motivo pelo qual o edifício destinado a residência episcopal foi cedido aos Hospitais da Universidade para alojamento da Clínica Obstétrica. O médico de Vila Nova de Poiares, então lente da Cadeira de Obstetrícia, moléstias de puérperas e recemnascidos, destaca-se no âmbito da Clínica cirurgica.
Atendendo ao ideário da saúde pública, o Governo Republicano de 1911 leva a cabo a reestruturação dos serviços de assistência hospitalar. Através do decreto de 22 de Fevereiro, publicado no Diário do Governo, procura garantir que Coimbra tenha um espaço destinado ao apoio a mães e a bebés, garantindo ainda o incremento do saber prático no contexto no ensino ministrado pela Faculdade de Medicina.
“O Governo Provisorio da Republica Portuguesa faz saber que em nome da Republica se decretou, para valer como lei, o seguinte: (…) Art. 2º. É criada em Coimbra uma Maternidade annexa á Faculdade de Medicina, para a qual passam todas as receitas e encargos de beneficiencia do hospicio, preceituados na legislação vigente (regulamentos de 5 de janeiro de 1888 e 11 de maio de 1905). Art. 3º. Esta Maternidade destina-se: 1º. A receber as mulheres gravidas que procurem nesta instituição a assistencia de que careçam; 2º. A proteger a saude das crianças pobres, fomentando a amamentação materna pela concessão de subsidios de lactação, fornecendo rações de leite às crianças que não possam ser amamentadas, e submettendo umas e outras a uma inspecção medica periodica e regular; (…) O Ministro do Interior o faça imprimir, publicar e correr. Dado nos Paços do Governo da Republica, em 22 de fevereiro de 1911. = O Ministro do Interior, Antonio José de Almeida. […]”
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